A apuração das urnas no último domingo (30) mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi mais votado do que Jair Bolsonaro (PL) em todas as 100 cidades brasileiras com maior número proporcional de beneficiários do Auxílio Brasil.

Na apuração geral do segundo turno das eleições, Lula venceu com 50,9% dos votos válidos; Bolsonaro ficou com 49,1%. A liderança do petista também ficou representada entre os recebedores do auxílio.

Em todo o território nacional, 8% da população recebe o benefício. Este índice, divulgado pelo governo federal, diz respeito apenas àqueles que estão cadastrados para o recebimento do benefício, e não a todo o núcleo familiar dos beneficiados.

O Auxílio Brasil substituiu o antigo Bolsa Família como programa de renda voltada à população mais pobre e vulnerável do país. Inicialmente, o valor era de R$ 400. Em agosto deste ano, no início da campanha eleitoral, o benefício passou a ser de R$ 600.

As cem cidades que mais recebem o benefício somam mais de 868 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E 28 a cada 100 pessoas nestes municípios recebem Auxílio Brasil.

Severiano Melo (RN) é a cidade que tem o maior número proporcional de beneficiários: 64% de sua população. Ali, Lula recebeu quatro vezes mais votos que Bolsonaro – 81,29% (4.352 votos) vontra 18,71% (1.002).

O professor da UFPR aponta ainda outras razões para que Bolsonaro não tenha criado uma “relação de lealdade” com os beneficiários do programa. Segundo ele, o presidente, durante sua trajetória, não teve como foco de seus discursos o combate da pobreza e a assistência à população.

“É complicado colocar um Auxílio como política pública com um presidente que nunca teve esse discurso. O eleitor consegue raciocinar e ver que o discurso [de Bolsonaro] e o Auxílio não têm muita relação”, diz.