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As obras de mobilidade urbana na avenida Capitão-Mor Gouveia termiram por comprometer o abastecimento de água na bairro de Bom Pastor. Há registros, nesta última quinzena, de 11 danos às tubulações da rede da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern). Segundo Jacques Damasceno, chefe da unidade de operação e manutenção de água da Caern, o trânsito de carros pesados - caminhões, caçambas e tratores – em serviço são os responsáveis pela quebra dos tubos. 

Daías Alves - Repórter
Foto: Adriano Abreu
Com frequência, rede de água está sofrendo avarias. Semopi garante que faz consertos em 24h


















O material, explicou Damasceno, é antigo e frágil. São tubulações de cimento amianto que não têm resistido ao peso e vibrações no solo. Segundo Damasceno, essa rede teria sido instalada em meados dos anos 70. As fortes chuvas ocorridas há duas semanas também podem ter influenciado na ocorrência de danos. “Quando chove, o consumo cai e causa uma sobrepressão na tubulação, quando pode ocorrer rompimentos. As chuvas contribuem também para agravo pois provocam erosões e se descobre a tubulação”, esclarece. 

Ele relata ainda que há maior evidência da falta de água em Bom Pastor por conta de um sistema de bombeamento instalado no local. Como, para cada concerto, é necessária uma interrupção no caminho da água, o sistema acaba não recebendo a quantidade necessária para distribuição às casas. “O sistema tende a ter uma descontinuidade na distribuição de água”, relata.

“A falta de água ocorre mais no final da rede, onde a água só chega se tiver continuidade. Em outras áreas, quando acontece, não fica tão evidente. O sistema volta ao normal mais rápido”, diz. 

A Prefeitura de Natal foi acionada sobre as interferências. Tomaz Neto, secretário Municipal de Obras e Infraestrutura (Semopi), disse que já estava previsto ocorrências desse tipo durante a execução da obra. “Quatro ou cinco ocorrências dessas ocorrem toda semana”, diz. A resolução do problema já estava previsto no pacote de obras. “Já estava incluso no projeto que a medida que fosse tirando o pavimento antigo, antes de fazer a terraplenagem, iria repor a tubulação”, explica. 

Para cada ocorrência, a resolução de substituição ocorre em “no máximo 24h”, assegura o secretário. “Inclusive estamos implantando uma rede toda nova de água e esgoto em toda a extensão da avenida”, diz. No entanto, enquanto as obras não concluem, a comunidade próxima sente em suas residências o prejuízo. 

“Moro aqui há mais de vinte anos, e nunca vi nada igual. Faltar água a gente sabe que sempre falta, um dia ou outro. Mas, depois dessas obras, ficamos sem água a semana inteira”, relata Francisco Chagas, 56, pedreiro. Ele mora na rua Omar Medeiros, bairro Bom Pastor. “Quando vem, a água é tão fraca que nem consegue encher um balde”, frisa. Para Francisco, a saída tem sido procurar por vizinhos que tenham cisterna, ou levantar de madrugada para encher os baldes com água.

Até a água da chuva tem servido como paliativo. Ivonete Lopes, 58 fala que nessas últimas chuvas colocou os baldes na calçada para colher a água. “O que temos mal dá para fazer as coisas de casa, tomar banho, cozinhar. Roupa, nem se fala, não sei como vou lavar”, reclama a dona de casa que mora na rua São Luís. Morando nas proximidades do serviço, Ivonete só vê como solução aguardar o final das obras. 

Na ‘Mor Gouveia’, entre a avenida Prudente de Morais e o Km 6, na Zona Oeste, a Semopi faz a readequação do sistema viário, com criação do corredor de ônibus. A obra tem entrega prevista para 31 de maio deste ano, a um custo de R$ 108,24 milhões. Está sob a responsabilidade da EIT Construções LTDA.

Outras interferências
Em outras áreas da cidade, intercorrências no sistema de águas e esgotos também ocorreram devido ao conjunto de obras objetivados pela Copa do Mundo. Na avenida Jerônimo Câmara, no bairro de Lagoa Nova, onde estavam sendo executado serviço de drenagem, uma estaca de sustentação de estrutura perfurou uma galeria que percorria o trecho. As tubulações foram fechadas e o resultado foi um grande alagamento no cruzamento das avenidas Jerônimo Câmara e Jaguarari.

Já na Salgado Filho, bocas de lobo ficaram obstruídas por conta da areia vinda das obras de restauração das calçadas. Sem caminhos para seguir, se constatou a formação de lagoas em meio ao tráfego. “A empresa foi chamada a atenção, ela desobstruiu a galeria e está atenta para que isso não volte a ocorrer”, garante Tomaz Neto.

Tribuna do Norte