Divulgação / Downtown Filmes e Paris Filmes
Produções simples, com
narrativas focadas e temas familiares. O drama "A Busca", de Luciano
Moura, ajusta-se neste estrato, distanciando-se tanto das comédias de
grande apelo popular quanto dos filmes de maior empenho crítico, os dois
extremos em que o cinema nacional transita.
Toda e qualquer classificação é relativa. Mas o acerto do tom de "A
Busca" parece ter sido confirmado pelo Prêmio do Público que o filme
recebeu no Festival do Rio 2012.
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A experiente Elena Soárez (roteirista de "Xingu" e "Casa de Areia")
assina, com Luciano Moura, o roteiro do filme, que começa como um
pesadelo em família. O casal de médicos Théo (Wagner Moura) e Branca
(Mariana Lima) estão vivendo um divórcio complicado. Seu único filho,
Pedro (Brás Antunes), de 15 anos, compartilha a tensão e é mais uma
vítima dela.
Um dia, Pedro diz que vai viajar no final de semana com um amigo. E não
volta no domingo de seu aniversário, como combinado. O desespero une
Théo e Branca, que se lançam numa busca frenética por casas de amigos,
telefonemas a hospitais. No quarto do garoto, nenhum bilhete.
"A Busca" começa, então, como um "huis clos", na atormentada casa da
família, onde Theo não mora mais. Logo em seguida, torna-se um filme de
estrada, em que o pai vai seguindo pistas que vão surgindo, fazendo, ele
também, uma jornada de amadurecimento, um doloroso exercício de
desapego de sua mania de controle.
Poucos atores são capazes, como Wagner Moura, de incorporar com tanta
naturalidade essa variedade de registros emocionais que ele experimenta
ao longo do caminho, em que o filho paira como uma presença
fantasmagórica.
O pai fica sabendo de seus passos e atitudes, surpreendendo-se com suas
pequenas audácias para levar adiante uma aventura que Théo não sabe
ainda onde vai terminar. Pelo telefone, ele conversa com Branca,
retomando, também à distância, um diálogo que havia se tornado
impossível.
Fora de sua zona de conforto, Théo vai sendo exposto a realidades
múltiplas de um país tão contraditório quanto ele mesmo. Assim, passa
por uma favela de beira de estrada, atravessa um rio numa balsa
precária, convive com jovens numa comunidade alternativa, encara a
rabugice de um velhinho (o ator Abrahão Farc, que morreu no final de
2012).
Por escolha dos roteiristas, a polícia não entra nesta procura. Este é
um trajeto que passa ao largo das instituições e busca sua dinâmica
dentro de relações íntimas e humanistas que se transformam ao longo do
tempo.
Filho do roqueiro Arnaldo Antunes -- que gravou a trilha sonora do
longa --, o estreante Brás Antunes vive um papel na maior parte do tempo
não-verbal. Em compensação, ele divide com seu pai real os vocais da
canção inédita "Olha pra Mim", que Arnaldo Antunes compôs especialmente
para o filme (veja abaixo).
No mais, o elenco tem pontas de atores de "Cidade de Deus", como Leandro Firmino, e também uma boa participação de Lima Duarte.
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
REUTERS / UOL
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