Gilberto Lima, 42, é o personagem "O cão chupando manga" há dez anos e uma das atrações do bloco. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press |
Um dia de cão, literalmente, foi o que viveram os foliões de um dos blocos mais tradicionais da Redinha no dia de ontem, marcado por muita chuva e vento forte. Assim como fazem todos os anos, os Cão mais uma vez invadiram o mangue do Rio Potengi para melar o corpo de lama e sair fazendo a festa pelas ruas da Redinha. No meio da folia estavam crianças, jovens, adultos e idosos, em um encontro de gerações com o simples objetivo de curtir o mela-mela.
O movimento começou por volta das 9h, quando os primeiros foliões chegaram ao tradicional ponto de concentração há 50 anos, embaixo da Ponte Newton Navarro. Famílias inteiras - crianças, jovens e idosos - participam, e sem gastar nenhum tostão. Muitos dizem ser essa, inclusive, a chave do sucesso e longevidade da brincadeira, que cresce em participantes a cada ano e já tem tanto tempo que poucos lembram quando começou. A presença do Grupo Pau e Lata, desde 2004, marca todos os anos a tradição do bloco em relação aos instrumentos improvisados usados pelos foliões.
Uma das primeiras a chegar, a foliã Cristina Medeiros, 53, é dona de um histórico de 40 anos nos Cão. Ela contou a sua paixão pelo bloco e o motivo pela qual não participaria do mela-mela este ano. "Nunce perdi nenhum ano sequer. Porém este ano não participei porque pretendo mostrar que me preocupo com a saúde dos foliões. A lama não foi inspecionada, e como patrimônio da cidade, o rio Potengi deveria ser mais bem cuidado", disse Cristina. "Não participar é o meu grito de socorro pelo mangue".
Todavia, os milhares de foliões presentes não se importaram com a poluição da lama e uniram alegria e descontração para um só propósito: diversão. "Aqui o abadá é natural, gratuito, confeccionado na hora e sob medida. É só entrar ali (no mangue) e vestir, e ainda faz bem pra pele", disse o folião Gilvanilson Barbosa, 27, que participa do bloco desde os dois anos de idade.
Seguindo a paixão de seu pai João Ferreira, o folião Márcio Ferreira, 23, que há 10 anos sai com o bloco, usou uma frase simples para descrever sua admiração pelos Cão: "A primeira melada é igual ao primeiro amor, você não esquece nunca mais". Junto com outros foliões, Márcio ainda lembrou episódios marcantes da história do mela-mela, como quando o bloco estava sem banda e os foliões improvisaram paus e latas para animar a folia.
Após algumas horas no ponto de concentração, o bloco partiu para a Rua do Cruzeiro. A folia tem como destino final a praia de Santa Rita, onde Os Cão finalizam mais um ano de tradição, festa, e é claro, de muita lama. A multidão melada foi acompanhada de perto pelos admiradores que aplaudiam e dançavam ao som da percussão, mas preferem se manter limpos. Mas foi necessário ficar a certa distância do bloco porque, "entrou, é para se melar".
Após algumas horas no ponto de concentração, o bloco partiu para a Rua do Cruzeiro. A folia tem como destino final a praia de Santa Rita, onde Os Cão finalizam mais um ano de tradição, festa, e é claro, de muita lama. A multidão melada foi acompanhada de perto pelos admiradores que aplaudiam e dançavam ao som da percussão, mas preferem se manter limpos. Mas foi necessário ficar a certa distância do bloco porque, "entrou, é para se melar".
Por DNOnline
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