Médicos de todo o Brasil que prestam serviços para operadoras de planos de saúde decidiram paralisar suas atividades durante todo o dia 7 de abril, a fim de reivindicar melhorias nas condições de relacionamento entre os planos de saúde e os médicos.

A decisão foi tomada na reunião da Comissão de Saúde Suplementar, formada por membros das três entidades médicas nacionais Federação Nacional dos Médicos, Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira em conjunto com a Comissão de Consolidação da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos).

No estado, as três principais entidades médicas, Sindicato dos Médicos, Associação Médica e Conselho Regional de Medicina, em parceria com as sociedades médicas já estão programando as atividades para o dia de paralisação no Rio Grande do Norte.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Geraldo Ferreira explica que a principal reivindicação gira em torno do valor pago pelos planos de saúde aos médicos. "Enquanto se é cobrado em uma consulta particular entre 120 e 200 reais os planos pagam entre 25 e 40 reais por consulta. Um valor tão baixo que inviabiliza o funcionamento dos consultórios".

Segundo a Fenam, o valor médio da consulta deveria ser de R$ 80 reais.

Carta aberta

Para esclarecer a população sobre os motivos da paralisação e como ela irá acontecer as entidades médicas nacionais estão divulgando uma carta aberta. Confira a baixo a carta na íntegra.


CARTA ABERTA À POPULAÇÃO

 Médicos vão interromper o atendimento aos planos de saúde no dia 7 de abril

Prezado cidadão, prezada cidadã

        Os médicos de todo o País irão suspender o atendimento aos planos e seguros de saúde no próximo 7 de abril, Dia Mundial da Saúde.

Nesse dia, os médicos não realizarão consultas e outros procedimentos. Os pacientes previamente agendados serão atendidos em nova data. Todos os casos de urgência e emergência receberão a devida assistência.

A paralisação é referendada pela Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM), Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e pelo conjunto das sociedades de especialidades médicas.

Trata-se de um ato em defesa da saúde suplementar, da prática segura e eficaz da medicina e, especialmente, por mais qualidade na assistência prestada aos cidadãos.

O objetivo é protestar contra a forma desrespeitosa com que os médicos e os pacientes são tratados pelas empresas que atuam no setor.

Os planos de saúde interferem diretamente no trabalho do médico: criam obstáculos para a solicitação de exames e internações, fazem pressão para a redução de procedimentos, a antecipação de altas e a transferência de pacientes.

Os contratos entre as operadoras e os médicos também são irregulares, estão em desacordo com as normas estabelecidas pela Agencia Nacional de Saúde Suplementa (ANS).

Nos últimos dez anos, os reajustes dos honorários médicos foram irrisórios, enquanto os planos aumentaram suas mensalidades bem acima da inflação.

Alertamos a sociedade que tal situação é hoje insustentável, com riscos de sérios prejuízos à saúde e à vida daqueles que decidiram adquirir um plano de saúde, na busca de uma assistência médica de qualidade.

As empresas de planos de saúde precisam urgentemente atender a reivindicação das nossas entidades, estabelecendo regras contratuais claras que respeitem a autonomia do médico e definam critérios e periodicidade de reajustes dos honorários profissionais.

É necessário também que a ANS exerça seu papel fiscalizador, exigindo dos planos de saúde o cumprimento da regulamentação.


Brasília, 28 de fevereiro de 2011.
Associação Médica Brasileira
Conselho Federal de Medicina
Federação Nacional dos Médicos


Com informações da SINMED