O aquecimento da indústria de transformação e a expansão de investimentos no setor varejista ajudaram a elevar o número de trabalhadores contratados com  carteira assinada em Natal e a alçar o Índice de Desenvolvimento Municipal da cidade, em 2007, ao mais alto patamar entre as capitais nordestinas, apontou levantamento divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Os dados fazem parte do chamado Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, criado para acompanhar a evolução dos municípios brasileiros e os resultados da gestão das prefeituras, e mostram o desempenho das cidades nas áreas de Emprego e Renda, Educação e Saúde. No caso de Natal, numa escala de 0 a 1, o chamado IFDM chegou a 0,7940, indicando desenvolvimento moderado. O número foi puxado principalmente pelo indicador de Emprego e Renda, que alcançou 0,8978 no período, um índice considerado de desenvolvimento alto, que foi registrado como o melhor da região e como o segundo maior entre as capitais do Brasil, atrás apenas do apurado em Vitória (ES), 0,9062. “Conseguimos enxergar um mercado de trabalho já desenvolvido em Natal, mas na saúde e na educação o desempenho é inferior. É preciso avançar”, diz o chefe da divisão de estudos econômicos da Federação, Guilherme Mercês.


O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal toma como base dados oficiais para medir o desenvolvimento humano. No área de Emprego e Renda, o índice é calculado com a ajuda de estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego sobre o mercado formal de trabalho. Na conta, entram fatores como a geração de empregos e o “estoque” de empregados, além da remuneração média dos trabalhadores. “Setores como comércio e turismo ajudam  Natal a manter um mercado pujante”, avalia Mercês. De fato, em grande parte, na capital potiguar, o índice de desenvolvimento de Emprego&Renda foi alavancado pelos setores de comércio e serviços. Dados do Ministério do Trabalho mostram que o saldo de empregos gerados pelos dois setores, a diferença entre as contratações e as demissões, chegou a 6.781 no ano analisado. “A economia aquecida estimulou novos investimentos”, avalia o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Marcelo Queiroz.

Exemplos desse movimento foram a abertura do Natal Norte Shopping, o primeiro shopping da Zona Norte e a inauguração de dois supermercados Bompreço, do grupo norte-americano Walmart. “Também vinha sendo um momento bom para o setor imobiliário. Tudo isso contribuiu para que viéssemos num ritmo de crescimento bastante favorável, só interrompido em 2008, com a crise econômica que atingiu o mundo”, analisa, frisando que o momento atual é retomada.

Estado

Para o Estado, o nível de desenvolvimento em emprego e renda é considerado regular. De acordo com o levantamento da Firjan, o número caiu em relação a 2006, de 0,5714 para 0,5442 e é o indicador mais fraco entre os  três analisados na pesquisa.

Capital tem problemas com saúde e educação

Enquanto Natal é a segunda capital brasileira em termos de desenvolvimento na área de emprego e renda, é apenas a 19ª no ranking nacional de saúde e a 12ª no de educação, de acordo com o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal  de 2007. “Os contrastes ficam evidentes. É preciso desenvolver políticas públicas eficientes nessas áreas para manter o desenvolvimento humano em crescimento”, alerta o chefe da divisão de estudos econômicos da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Guilherme Mercês.

Ele explica que na educação, são considerados fatores como matrículas na educação infantil, taxa de abandono no ensino fundamental, distorção idade série, docentes com ensino superior, horas aula diárias, ou seja, quanto tempo as crianças ficam na escola, e o resultado do Ideb. Na   saúde, o cálculo é feito com base em estatísticas de consultas pré-natal, óbitos por causas mal definidas e óbitos infantis por causas evitáveis.

Na Saúde, o índice da capital foi 0,7761 e ficou na 44ª posição no ranking dos municípios do Rio Grande do Norte. Na Educação, Natal registrou 0,7082 pontos, ocupando a 40ª posição no ranking dos municípios do estado.   

O IFDM varia numa escala de 0 (pior) a 1(melhor) para classificar o desenvolvimento humano. Os critérios de análise estabelecem quatro categorias: baixo (de 0 a 0,4), regular (0,4001 a 0,6), moderado(de 0,6001 a 0,8) e alto (0,8001 a 1) desenvolvimento humano. No balanço geral do Rio Grande do Norte, a pesquisa apontou a média de 0,6547 pontos no IFDM e nível de desenvolvimento moderado. O estado ocupa o 12º lugar no ranking brasileiro, subindo duas posições na comparação com a avaliação anterior. O crescimento do Rio Grande do Norte foi registrado em 80,23% dos municípios (134), sendo as maiores variações de São Pedro(27,9%), Florândia (25,4%) e Campo Redondo (20,3%). Outros 33 municípios apresentaram queda. As três piores variações foram de Coronel Ezequiel(-13,7%), Serra do Mel (-13,6%) e Pendências (-9,9%). 

Renata Moura - repórter de Economia (TN)