Os 60 mil alunos que voltaram às aulas ontem para o início do ano letivo nas escolas da rede municipal de Natal foram surpreendidos com a notícia da greve dos professores por tempo indeterminado. Nas escolas da rede, os professores apenas recebiam os pais e alunos no auditório ou na quadra de esportes e comunicavam o movimento. A greve foi confirmada ontem pela manhã em assembleia da categoria, realizada na Escola Estadual Winston Churchill, que contou com ampla participação dos educadores. Os professores decidiram ainda que segunda-feira, a partir das 8h, vão montar um acampamento por tempo indeterminado, em frente à sede da Prefeitura de Natal.

A reportagem do Diário de Natal percorreu ontem alguns estabelecimentos, onde comprovou a paralisação total dos educadores. Na entrada das escolas era visível a alegria do reencontro com os colegas no retorno às aulas, mas quando recebiam a notícia da greve, a decepção tanto dos filhos quanto dos pais era inevitável.

Para a promotora de vendas Viviane Rodrigues Silva Valentim, mãe de Amanda Letícia, 7 anos, e de Arthur Valentim, 9, que estudam na escola Henrique Castriciano, nas Rocas, a greve pegou de surpresa e poderá lhe trazer prejuízos financeiros. "Estava com uma ação de vendas garantida no período da Páscoa e contava com o início das aulas deles", lamentou ela. O gari da Urbana, Ubaracy Souza Lima, também estava inconformado. Pai de Sthefanny, 5, ele não sabe com quem vai deixar a criança, já que a mãe também trabalha. "Isso é um absurdo, eles têm o ano todo para fazer greve e justamente agora no início das aulas resolvem paralisar", reclamou.

Reivindicações

A expectativa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do RN (Sinte-RN) é de que 100% dos professores e servidores cruzem os braços. Os professores reivindicam o cumprimento de acordos previstos no Plano de Carreira da categoria e o pagamento de terço de férias atrasados. De acordo com a coordenadora do Sindicato dos Professores, Fátima Cardoso, nunca houve tanto atraso em pagamento aos professores quantoagora.

Os educadores ainda reclamam da falta de pagamento das aulas de revisão da Prova Brasil, atrasado desde setembro do ano passado e o dos professores do Pró-Jovem, programa que recebe verba do governo federal. Outro atraso do município relacionado pelo Sinte é o do vale-intermunicipal dos educadores infantis.

"Esperamos que o bom senso possa falar mais alto e a Prefeitura de Natal abra o diálogo, porque entendemos que a família como um todo é o principal prejudicado com a greve, mas npós já vinhamos alertando sobre o movimento desde o ano passado", disse Fátima Cardoso. A próxima assembleia da categoria está marcada para a quinta-feira(25) quando serão avaliados e definidos os novos rumos do movimento.
 
Com informações do Diário de Natal