Rio Grande do Norte
Com a distribuição das capitanias hereditárias, o então Rio Grande é doado, em 1535, a João de Barros pelo Rei Dom João III de Portugal. A colonização fracassa e os franceses, que traficavam o pau-brasil, passam a dominar a área até 1598, quando os portugueses, liderados por Manuel de Mascarenhas Homem e Jerônimo de Albuquerque, iniciaram a construção do Forte dos Reis Magos para garantir a posse da terra.

O domínio lusitano durou até 1634, quando o Forte dos Reis Magos caiu em poder dos holandeses, que só foram expulsos em 1654. Nesse período, todos os arquivos, documentos e registros do governo português foram destruídos, o que até hoje dificulta a reconstituição da história da época.

Invasões preocupavam Portugal e uma vez que a Capitania do Rio Grande do Norte ficava localizada no ponto mais estratégico da costa brasileira, o Rei retomou a posse da Capitania e ordenou a construção de um forte para expulsar os franceses da costa.

Em 1701, após ser dirigido pelo governo da Bahia, o Rio Grande do Norte passou ao controle da Capitania de Pernambuco. Em 1817, a Capitania aderiu à Revolução Pernambucana, instalando-se na cidade de Natal uma junta do Governo Provisório. Com o fracasso da rebelião, aderiu ao Império e tornou-se província em 1822. Em 1889, com a República, transformou-se em Estado.

Muitas pessoas desconhecem o caráter histórico e a contribuição da presença das tropas Aliadas instaladas na base aérea de Parnamirim. Junto ao Acre, o Rio Grande do Norte foi decisivo no processo da vitória aliada na II Guerra Mundial, pois barrou a expansão alemã que pretendia dar um salto da África Ocidental à América do Sul passando pelo Nordeste do Brasil, que foi ocupado antes por tropas norte-americanas.

A presença dos norte-americanos trouxe benefícios para o RN e para os estados do centro-sul do Brasil, que finalmente conseguiram recursos para o Brasil se industrializar de forma decisiva a partir da construção da Companhia Siderúrgica Nacional.
Fonte: Site do Rio Grande do Norte


RIO GRANDE DO NORTE - OUTRA HISTÓRIA

Os holandeses mantiveram os primeiros contatos com a capitania do Rio Grande em junho de 1625 (CASCUDO: 1955), quando chegaram à Baía da Traição transportados por uma imensa esquadra comandada por Edam Boudewinj Hendrikszoon que não chegara a tempo para defender o domínio de Salvador, na Bahia. 


Na ocasião muitos dos marujos flamengos encontravam-se doentes, razão pela qual o comandante da esquadra procurou guarida para os mesmos em terra firme lá mesmo na Baía da Traição. Não encontrando um bom tratamento para os enfermos, pois deparou-se com muitos índios assustados com os visitantes, mas, não obstante, conseguiu observar as terras e principalmente a adesão de vários índios potiguares que viajaram para a Holanda, de onde regressaram alguns anos ulteriores possuídos pela cultura holandesa tanto no que diz respeito ao idioma, ao credo e mormente ao ideário, para servir de peça chave quando do domínio holandês no Rio Grande, haja visto a facilidade com que conseguiram a adesão da indiaria potiguar aos fitos dos invasores.

A invasão do Rio Grande deu-se muito mais pela sua localização geográfica, servindo assim de ponto estratégico para o fortalecimento do domínio holandês no Brasil, e pela sua potencialidade no tocante ao fornecimento de provisão, sobretudo carne bovina aos moradores de Pernambuco, que pela sua produção açucareira ou até mesmo potencialidade nesta atividade econômica ou em outras atividades como a aurífera que também as interessava.

A estratégia usada para a invasão consistiu em, primeiro, obter informações sobre o poder de força lusa na capitania e, segundo, fazer o reconhecimento do litoral potiguar e buscar articulações com a indiaria. Isso se deu inicialmente em outubro de 1631 com o envio de uma grande expedição ao Rio Grande que terminou por não lograr êxito no tocante a invasão em si em razão da brava reação do então capitão-mor Cipriano Pita Porto Carreiro.

Uma outra expedição foi enviada em 1633 comandada pelos chefes militares Jan Corlisz Lichthardt e Baltazar Bijma, acompanhados de Mathijs van Keulen e Servaes Carpenter. Esta expedição aportou em Ponta Negra três dias depois de sua partida de Pernambuco, na manhã de 08 de dezembro do mesmo ano, e as tropas holandesas ajudadas pelos índios que viajara à Holanda em 1625 avançaram sobre a Capitania sem encontrar resistência, chegando em Natal no período vespertino do mesmo dia, quando imediatamente partiram rumo ao Forte dos Santos Reis para combaterem as fracas forças portuguesas. Três dias de combates foi o bastante para que as forças portuguesas capitulassem, embora sob o protesto do capitão-mor do Forte Pero Mendes Gouveia, que se encontrava gravemente ferido. No mesmo dia da rendição os holandeses assumiram o controle do Forte tendo como comandante o capitão Joris Gastman, mudaram o nome da fortaleza para Castelo de Keulen, assim como o de Natal para Nova Amsterdã e começaram uma fase de domínio absoluto que ficou caracterizado pelo abandono, violência e rapinagem sobre os povoados então existentes. 

Com a assunção do poder, os holandeses trataram de seguir as normas administrativas definidas em um regimento preparado pela Companhia das Índias Ocidentais antes mesmo da invasão a Pernambuco e posteriormente um outro trazido pelo Conde João Maurício de Nassau. Segundo estes documentos, os habitantes potiguares que aceitassem passivamente a dominação flamenga ficariam sãos de massacres e da destruição de seus bens. Quanto aos portugueses, o documento estabelecia que deveriam manter seus engenhos de cana-de-açúcar, e para tanto concedia-lhes liberdade de comércio desde que utilizassem seus navios para transportar os produtos comercializados. Os que não se sujeitassem a essa condição seriam obrigados a deixar o País e os seus bens eram confiscados.

Os holandeses, todavia, sempre dispensaram um tratamento especial aos índios, a quem chamavam de brasileiros. Os índios se configuravam como fortes aliados nas lutas contra os portugueses, que sempre tentaram escravizá-los. Eles, os índios, chegavam de certa forma a ser paparicados pelos holandeses na medida em que evitavam continuamente constrangê-los ou escravizá-los em trabalhos forçados e, ao contrário, procuravam educá-los e catequizá-los segundo à sua cultura e à sua religião cristã reformada.

No que se refere a organização administrativa os holandeses procuraram introduzir uma administração governativa igual à da metrópole e criaram as Câmara de Escabinos ou Juntas de Justiças e as Freguesias ou Comunas, as quais contavam com três membros sempre presididas pelo Esculteto que sempre era representado por um holandês. Aos índios também fora imposta essa forma governativa.
Durante esse domínio holandês (1633-1654) aconteceram massacres sanguinários em Ferreiro Torto, Cunhaú, Uruaçu, Extremoz e Guaraíras, quase sempre praticados pelos índios aliados aos novos invasores. A propósito, esse domínio holandês sobre boa parte do Nordeste do Brasil começou a dar sinais de fragilidade em 1638, quando da tentativa fracassada da conquista da Bahia, porém a sua longevidade deu-se muito mais por entendimentos políticos entre Portugal e Holanda que por superioridade das tropas flamengas sobre as portuguesas. A prova indelével disso é que quando o mestre de campo Luís Barbalho Bezerra partiu, em 1639, de Touros rumo à Bahia conseguiu seguidas vitórias sobre os holandeses, chegando, inclusive, a prender o comandante do Castelo de Keulen - Joris Gastman. 

Fonte:
MAIA, G. (1998). A invasão holandesa no Rio Grande (resumo). História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web: