Imagem: Marcelo camargo - Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta quarta-feira (6) que espera que as eleições presidenciais na Venezuela, marcadas para 28 de julho, sejam conduzidas da forma mais democrática possível. Ao abordar o processo eleitoral venezuelano, Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro e apelou para que os candidatos venezuelanos não sigam seu exemplo.

"Lamento que os candidatos no processo eleitoral da Venezuela adotem o mesmo comportamento que o ex-presidente deste país, negando constantemente a integridade do processo eleitoral, a lisura das urnas, o respeito pelas instituições judiciais e, até mesmo, ofendendo os eleitores que não o escolheram", afirmou Lula.

"Aqui no Brasil, até hoje, um presidente que perdeu as eleições não aceita o resultado. Ele continua alegando fraude, afirmando que a eleição foi válida apenas para os parlamentares de seu partido, e não para ele. Ele ainda lança dúvidas sobre a urna eletrônica", acrescentou.

Quando questionado se acredita na justiça das eleições venezuelanas, o presidente respondeu que "não devemos semear dúvidas antes mesmo das eleições ocorrerem". "Isso poderia gerar um discurso de antecipação de problemas. Devemos garantir a presunção de inocência até que as eleições ocorram, para então avaliarmos sua democracia", disse.

"Acredito que a comunidade internacional esteja interessada em observar se as eleições venezuelanas serão verdadeiramente democráticas. Espero que sim. A Venezuela precisa disso, Maduro precisa disso, e a humanidade precisa disso", acrescentou.

Essas declarações foram feitas durante uma coletiva de imprensa após uma reunião bilateral com o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto. Os líderes discutiram, entre outros assuntos, os conflitos na Faixa de Gaza e na Ucrânia, além da reforma da governança de instituições multilaterais e o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

Anteriormente, antes de receber o presidente do governo espanhol, Lula expressou sua satisfação com a marcação da data das eleições na Venezuela. O país vizinho decidiu realizar o pleito, tradicionalmente agendado para dezembro, em 28 de julho.

"Fiquei feliz com a marcação das eleições na Venezuela", disse Lula. Quando questionado se considera o pleito justo, respondeu: "Durante a reunião que tive na Guiana, na Celac, foi dito que convidarão observadores de todo o mundo. Se os candidatos da oposição se comportarem como os nossos aqui, então nada terá validade".

A data da eleição na Venezuela coincide com o aniversário do falecido presidente Hugo Chávez, mentor do atual presidente Nicolás Maduro, que deverá concorrer novamente. Há incertezas sobre quem será o candidato da oposição, pois a Suprema Corte manteve uma decisão que impede María Corina Machado de concorrer a cargos públicos, embora ela tenha vencido as primárias no ano passado.

Outros candidatos também foram impedidos. O ex-governador Henrique Capriles, que concorreu duas vezes contra o chavismo, está inabilitado desde 2017, assim como Freddy Superlano, do partido Vontade Popular. Líderes opositores como Juan Guaidó, Leopoldo López e Antonio Ledezma deixaram o país.

Os aliados de Maduro ridicularizaram e rejeitaram a ideia de primárias durante todo o ano. Ainda assim, tanto o governo quanto seus adversários utilizaram a disputa como uma moeda de troca para obter concessões mútuas como parte de um processo de negociação para resolver a crise.