A recondução de Augusto Aras como procurador-geral da República representa um recado do presidente Jair Bolsonaro ao centrão e um movimento de pressão para que o Senado aprove o nome do ministro André Mendonça para o STF (Supremo Tribunal Federal). Nos bastidores, Bolsonaro recebeu informações de que Aras seria o nome do centrão para a vaga de Marco Aurélio Mello, que se aposentou no começo do mês.

Aras era tido como uma espécie de plano B do governo. Seria o reserva, caso o Senado barre a ida do atual advogado-geral da União para o Supremo. 

O apoio do centrão ao nome de Aras envolve um cálculo: o PGR se mostrou um fiel aliado ao presidente e é tido entre os parlamentares como uma peça confiável para conduzir investigações, tendo acabado com a chamada pirotecnia que marcou a atuação da Lava Jato, maior e mais longa ação de combate à corrupção no país. 

Já Mendonça é visto de perfil mais independente e na área criminal seria mais alinhado aos métodos lavajatistas tão combatidos por setores do Congresso. Alertado pelo presidente de que teria resistências no Senado para ser referendado e que precisava se mexer, Mendonça, dizem aliados, indicou que toparia arriscar e até mesmo perder, se fosse o desfecho. 

No xadrez de Bolsonaro, a ideia é faturar apoio para Mendonça e mostrar ao centrão que na seara de investigações fica tudo do jeito que está ou pelo menos fica a promessa de que o estilo discreto seguirá. 


E o governo deixa de ter o "plano B" para o STF. Bolsonaro dobrou a aposta. Agora, é aguardar para saber quais as peças o centrão e os senadores vão preferir movimentar em meio ao momento de maior tensão entre o Planalto e o Senado diante das investigações da CPI. 


Vale lembrar ainda que cabe ao PGR decidir o xeque-mate, 
que será dado após a CPI concluir as suas apurações, que devem envolver ao menos o entorno direto de Bolsonaro.