Publicidade:

Quem abastece com etanol em Natal paga o terceiro maior preço do combustível dentre as capitais brasileiras. Levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que considera o período de 16 de março a 12 de abril, mostra aumento no preço na capital potiguar de 6,8%. No estado, o avanço foi de 4,78%. 

O preço médio do litro de etanol em Natal é de R$ 2,714, menor apenas do que o de Macapá, no Amapá, e Boa Vista, em Roraima, que registraram R$ 2,84 e R$ 2,75, respectivamente.

Em relação às capitais vizinhas, a diferença no litro do combustível é de R$ 0,28 no comparativo com Fortaleza, de R$ 0,30 com Recife e de R$ 0,46 com João Pessoa. A diferença do preço médio cobrado em Natal para o segundo colocado no ranking, Maceió, é de R$ 0,16.

Entre as maiores cidades do RN também existem diferenças nos preços. Em Mossoró, o produto está custando R$ 2,484, em média. No caso de Parnamirim, os valores giram em torno de R$ 2,61. Caicó registrou preço médio de R$ 2,513 na última semana.

A TRIBUNA DO NORTE questionou o Sindipostos/RN sobre o motivo para a alta do etanol, as tendências e também se houve migração de consumidores do etanol para a gasolina, mas o Sindicato informou, em nota, que a direção não tem atribuição sobre preços e por isso não teria como comentar o assunto.

Também foram procurados, no final da tarde de ontem, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) e a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombutíveis), mas as entidades não puderam dispor de fontes que comentassem o assunto.

Em campanha recente, o Sindipostos/RN defendeu que os impostos e taxas em cima dos combustíveis são os principais vilões para que o preço chegue mais caro ao consumidor brasileiro.

No caso do etanol, segundo o Sindicato, 54% do que é cobrado do consumidor vai para a usina; 25% é de ICMS, tributo que é estadual; 2% vai para o frete e 19% fica para os postos e distribuidoras. Na gasolina, os postos e distribuidoras levam 15% e no diesel 16%.

Dados da ANP mostram que, entre 16 de março e 12 de abril, as distribuidoras aumentaram em 1,92% o preço de venda do etanol aos postos. Para o consumidor, os postos passaram a cobrar 6,8% mais caro.

Crise
Em entrevista à Folha de S. Paulo de ontem, a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, destacou que as políticas de controle de preço da gasolina e de redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) foram “mortais” para o etanol. Ao longo das cinco safras mais recentes, o setor amargou, segundo ela, o fechamento de 44 das 384 usinas que existiam e hoje tem 33 em recuperação judicial. 

Ainda segundo a presidente da Unica, 12 usinas não deverão moer cana este ano. Farina considera que, com a queda de produtividade, que se agravou com três safras seguidas enfrentando problemas climáticos e a redução da Cide sobre a gasolina, o preço subiu, fazendo com que o produto perdesse competitividade com a gasolina nas bombas. A TRIBUNA DO NORTE tentou contato com Elizabeth Farina, por meio da assessoria de imprensa da Unica, mas não obteve sucesso.

Vicente Neto e Vinícius MennaEditor e Repórter
TRIBUNA DO NORTE