A criação de postos de trabalho e a redução do desemprego não são mais os maiores desafios do mercado de trabalho brasileiro, segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Sérgio Mendonça. Na opinião de Mendonça, o País precisa agora priorizar melhorias na qualidade dos empregos já existentes e nos salários pagos.


Segundo o economista, a taxa de desemprego recorde divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (19) e o número de vagas criadas no segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o mercado de trabalho no Brasil está aquecido. Apesar disso, a remuneração dos trabalhadores ainda é baixa.

De acordo com Mendonça, 90% dos postos de trabalho criados atualmente no Brasil são formais. Essas vagas, entretanto, pagam até dois salários mínimos (R$ 1.090,00) aos trabalhadores. “Comparado com o salário de outros países, é pouco”, complementou o economista.

Para melhorar a remuneração, o economista diz que é fundamental que o País desenvolva setores econômicos que, tradicionalmente, remuneram bem. Entre esses setores, o economista destaca a indústria, o setor financeiro e o de saúde.

Ele também afirmou que é preciso que o Brasil invista na formação de seus trabalhadores para que as vagas de bons salários possam ser preenchidas. “Ainda temos um problema de formação básica. Precisamos investir na educação”, disse.

Sobre as perspectivas do mercado de trabalho para os próximos meses, a análise do economista é positiva. Ele afirmou que, no segundo semestre, a geração de vagas geralmente é maior que no primeiro semestre. Ele ressaltou, porém, que os resultados consolidados do mercado em 2011 não devem ser tão bons quanto os alcançados no ano passado.

“O emprego cresce no segundo semestre. Isso é sazonal”, explicou Mendonça. “Agora, o desaquecimento da economia como um todo pode fazer com que o crescimento das vagas não seja tão grande quanto o do final do ano passado.”

Em 2010, o Brasil criou mais de 2,5 milhões de vagas de trabalho. No primeiro semestre deste ano, segundo o Caged, já foram criados 1,41 milhão de empregos.