Apesar dos indícios de que o deputado estadual Robinson Faria (PMN) permanecerá no sistema governista, mais uma polêmica provocou um embate indireto entre ele e a base da governadora Wilma de Faria (PSB). Depois de o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2010 ter sido aprovado, na Assembleia Legislativa (AL), com emendas sobre as quais o governo não teve conhecimento, a exclusão do projeto do Executivo que destina recursos para a adutora de Mossoró, ontem, durante a autoconvocação, deixou os governistas irritados com a Casa.

O primeiro a se pronunciar foi o vice-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB), candidato ao Governo do Estado com o apoio de Wilma de Faria. Iberê se mostrou indignado e acusou deputados de se posicionarem contra a cidade de Mossoró. “Eu esperava mais espírito público de alguns dos nossos deputados. Ir contra a Adutora de Mossoró é ir contra a liberdade e o desenvolvimento da cidade, é ir contra os mossoroenses”, declarou, por meio do Twitter.
Iberê Ferreira ainda criticou a votação de outros temas, segundo ele, menos relevantes e se comprometeu a lutar pela aprovação do projeto. “Ouvi dizer que alguns deputados falaram que o projeto da Adutora não tinha pressa. Reajustar preços cartoriais era mais urgente?”, questionou o vice-governador, em referência à mensagem do Tribunal de Justiça do RN sobre os custos processuais, que foi aprovada ontem, durante a autoconvocação.
A líder do governo na AL, Larissa Rosado, disse que está indignada com a atitude dos deputados. Ela argumenta que a matéria só pede a alteração no texto e foi enviada à AL em outubro passado. No entanto, o ano terminou e a matéria não passou pelas comissões da Casa. “Como mossoroense, não aceito o argumento de que a matéria não chegou a tempo a AL. Teve matéria que chegou praticamente em cima da hora e foi votada durante a sessão”, criticou.
Em resposta às críticas de Larissa, o deputado Robinson Faria, presidente da AL, disse que essas acusações de que existiu jogo político não o afetam e justificou o fato de o projeto não ter sido incluído na pauta das votações. “Não embarquem na tentativa de uso político. Eu estou vacinado. Essa matéria devia ter chegado antes à AL, com tempo hábil para apreciação”, rebateu o deputado.


Robinson explicou que o projeto não foi votado ontem por falta de consenso entre os membros da Casa. Para ser liberado de passar pelas comissões, a matéria deveria contar com o aval de todos os líderes de partido. No entanto, o deputado José Dias, líder do PMDB, não concordou com a dispensa dos trâmites, o que, de acordo com Robinson, impediu a votação. “A adutora de Mossoró ficou fora da pauta porque o líder do PMDB, deputado José Dias, não concordou com a dispensa das formalidades”, reforçou.
Durante a votação extraordinária de ontem, foram votadas e aprovadas as seguintes propostas: redistribuição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), liberação para o aumento do efetivo policial no Estado, reajuste nos custos processuais (solicitado pelo Tribunal de Justiça do RN) e a concessão de auxílio moradia para funcionários do Tribunal de Contas do Estado.
Por Allan Darlyson do CT