Um amigo mostrou o artigo abaixo e no mesmo momento resolvemos publicar .Segue abaixo um artigo do potiguar Adelmo Garcia Junior, que há anos deixou nossa terra para se dedicar a carreira diplomata, atualmente Garcia é Ministro da carreira diplomata e futuro embaixador do Brasil.

No artigo o autor revela a sua visão sobre a necessidade da nossa Cidade do Sol sediar uma reunião de cúpula internacional.

Veja na integra:

Em dezembro de 2008 realizaram-se na Costa do Sauípe, na Bahia, a XXXVI Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, a Cúpula Extraordinária da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), a Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento e a Cúpula Extraordinária do Grupo do Rio. Esses eventos, que contaram com a presença dos principais líderes do Hemisfério, tiveram por objetivo discutir temas relacionados à integração e à cooperação para o desenvolvimento sustentável da América Latina e do Caribe frente à crise financeira, energética e alimentar.

Trata-se da primeira vez que o famoso balneário baiano sediou importantes eventos internacionais – quatro reuniões encadeadas – que contaram com a presença de 32 Chefes de Estado e de Governo dos países da América Latina e do Caribe. As referidas Cúpulas, por congregarem os principais líderes do Hemisfério, tiveram ampla repercussão não apenas no Brasil mas também no exterior.

Há tempos venho tentando sensibilizar as autoridades potiguares sobre a importância de Natal sediar uma reunião de cúpula internacional, a exemplo das realizadas na Bahia, que traga a nossa cidade Presidentes e Primeiros-Ministros estrangeiros.

Muitos leitores se lembrarão da famosa Conferência “Rio 92”, mais conhecida como “Eco 92” ? O evento, que reuniu no Rio de Janeiro cerca de 120 Presidentes, Reis e Príncipes de todo o mundo para debater alternativas de soluções aos problemas da sustentabilidade ambiental do planeta e a criação de normas internacionais de proteção ao meio ambiente, deu enorme visibilidade internacional à capital fluminense e a colocou definitivamente no mapa dos grandes eventos internacionais. O Rio de Janeiro foi palco de grandes shows de rock e eventos esportivos, como os Jogos Panamericanos de 2007 e, em 2016, sediará os Jogos Olímpicos.

Várias capitais brasileiras já perceberam as vantagens de sediar, com sucesso, grandes encontros internacionais ao longo dos últimos vinte anos. Seguem alguns exemplos: Assembléia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Bélem do Pará (junho de 1994); Cimeira América do Sul-União Européia, no Rio de Janeiro (março de 1998); Conferência do Mercosul, em Ouro Preto (dezembro de 1994 e dezembro de 2008); IV Conferência de Ministros de Defesa das Américas, em Manaus (outubro de 2000); Reunião da UNCTAD, em São Paulo (julho de 2004); Conferência América do Sul-Países Árabes, em Brasília (maio de 2005); Conferência de criação da Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA), em Brasília (setembro de 2005); Conferência dos Intelectuais Africanos e da Diáspora, em Salvador (julho de 2006); e Conferência da União Sul-Americana de Nações (UNASUL), em Brasília (maio de 2007).

Além dos eventos acima mencionados, a vizinha e ensolarada Fortaleza, no Ceará, foi contemplada com a Reunião Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento em março de 2002. Porto Alegre já sediou quatro edições do Forum Social Mundial (2001,2002,2003 e 2005). São Paulo sediou em novembro do 2008 duas grandes conferências: a Reunião dos Ministros de Finanças dos países do G20 e a Conferência Internacional sobre Biocombistíveis. No período de 27 a 31 de janeiro deste ano, foi a vez de Bélem do Para organizar a 9º edição do Forum Social Mundial com a participação de aproximadamente 100 mil visitantes do Brasil e do mundo.

Essa lista, que não é exaustiva, contempla somente os eventos mais importantes, as chamadas “reuniões de cúpula”, que contam com a presença das mais altas autoridades dos países participantes.

Quem não se lembra da estréia internacional do balneário de Cancún, no México, que nos anos 70 sediou um grande encontro com cerca de 50 líderes mundiais e que ficou conhecido mundialmente como a “Conferência de Cancún”. Port of Spain, capital do pequeno país caribenho Trinidad e Tobago, com população de apenas 1.3 milhão de pessoas, foi a sede, em abril passado, da “Cúpula das Américas”, evento que reuniu 34 Presidentes e Primeiros-Ministros do Continente americano.

Creio, pois, que chegou a vez de Natal sediar uma Conferência de Cúpula internacional. Afinal, a capital potiguar tem grandes potencialidades para acolher eventos de nível mundial.

Natal tem enormes vantagens e atrativos, se comparada a outras capitais brasileiras: 1) aeroporto moderno; 2) boa rede hoteleira; 3) centro de convenções a beira mar; 4) clima agradável o ano inteiro; 5) segurança; 6) trânsito fluído; 7) culinária regional saborosa e diversificada; 8) povo hospitaleiro e acolhedor, entre outras vantagens, somado ao fato de Natal nunca ter sediado um evento internacional de porte e de repercussão internacionais.

Sediar uma Reunião de Cúpula daria grande visibilidade à cidade e ao Estado como um todo, tanto nacionalmente quanto no âmbito internacional. Em encontros como esses, além da presença de Chefes de Estado e de Governo (Presidentes, Primeiros Ministros e até Reis e Príncipes), participam dezenas de jornalistas nacionais e estrangeiros. É praxe, em eventos desse porte, que os jornalistas escalados para cobrir o encontro façam matérias não somente sobre os temas tratados na conferência, mas também sobre diferentes aspectos da cidade, da região e de seu povo, tais como a culinária, a cultura, as manifestações folclóricas, as riquezas e as belezas naturais da cidade e da região. Além disso, costumam-se organizar eventos paralelos às cúpulas, tais como feiras e exposições, shows de artistas locais, colóquios com a participação de estudantes, artistas e membros da sociedade civil, com reflexos positivos na geração de emprego.

Eventos dessa natureza têm a cobertura de televisões estrangeiras, estatais ou privadas, do porte da CNN e da BBC. Isso irradia um efeito indireto de promoção do turismo local e de imagem da cidade muito valioso, que custaria milhares de dólares se tivesse que ser veiculado em matérias pagas em jornais. A título de exemplo, pude assistir a várias reportagens, em recente viajem ao Oriente Médio, sobre o Forum Social Mundial de Bélem, na famosa TV árabe “Al Jazeera”, do Catar, tendo como pano de fundo a floresta amazônica.

Além disso, encontros desse nível costumam receber repasses financeiros por parte do Governo Federal para custear obras relacionadas à logística do evento que, além de melhorar a estrutura local para receber os visitantes brasileiros e estrangeiros, trazem melhorias para os habitantes da capital. Por outro lado, além do Presidente da República, a Governadora do Estado e a Prefeita da cidade atuam como anfitriões do encontro na recepção às autoridades estrangeiras.

Mas sediar uma conferência internacional não é tarefa simples e exige um comprometimento do Estado e todo um trabalho integrado entre diferentes órgãos governamentais. Esse tipo de evento deve ser planejado antecipadamente, às vezes com anos de antecedência. Normalmente, as autoridades do Estado e da Prefeitura da cidade manifestam o interesse junto ao Itamaraty de ser a sede de um evento específico e começam a planejá-lo conjuntamente com os órgãos federais envolvidos.

O Brasil participou em junho passado, em Ecaterimburgo, na Rússia, da Iª Cúpula de Chefes de Estado dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo que reúne as maiores economias emergentes. Durante o encontro, decidiu-se que a próxima reunião terá sua sede no Brasil, em maio de 2010, em cidade ainda a ser escolhida.

Não seria esta uma ótima oportunidade para que o Governo do Rio Grande do Norte e a Prefeitura de Natal, conjuntamente, proponham nossa bela capital como sede da IIª Reunião de Cúpula do Chefes de Estado e de Governo do BRICs?

Fica aqui registrada minha sugestão para que Natal aproveite esta oportunidade e se torne anfitriã de uma reunião de cúpula internacional.

Aldemo Garcia Junior

Potiguar, Ministro da carreira diplomatica, atualmente Cônsul-Geral Adjunto do Brasil em Toronto, Canadá. (aldemo@consbrastoronto.org)

(Este artigo expressa o ponto de vista do autor)