O estresse de quem trabalha no comércio não se dá apenas com relação a trabalhos fora do expediente e tarefas que fogem ao cargo ocupado. Segundo o Sindicato dos Empregados no Comércio de Mossoró (SECOM), um dos problemas que mais afetam à saúde dos comerciários é o assédio moral. A presidente da entidade, Raimunda Soares, afirma que todos os dias ocorrem casos, mas são poucos os trabalhadores que procuram o suporte do sindicato. De janeiro até ontem, foram registrados cinco casos de assédio moral em empresas diferentes. "Números comprovados são poucos, pois as pessoas têm medo de perder o emprego e não têm coragem de levar o caso a frente", comenta.

A presidente do Secom informa que o caso mais recente ocorreu em uma loja especializada em venda de peças da moda íntima e de bijouterias. Diz que uma funcionária teve a bolsa revistada pela proprietária. Um outro caso também recente diz respeito a um funcionário de um estabelecimento do centro, que foi obrigado a ficar despido para que o gerente pudesse ter a certeza de que nada da loja estava sendo retirado.

Raimunda Soares enfatiza que o assunto é grave, mas que tem sido resolvido sem que os casos sejam levados ao Ministério do Trabalho. "Quando temos conhecimento da situação, procuramos as lojas para resolver o problema", diz, acrescentando que é preciso que os gerentes, subgerentes e proprietários dos estabelecimentos comerciais saibam como tratar os funcionários.
Ainda segundo a presidente do Secom, o assédio moral se caracteriza de várias formas, dentre elas o abuso de autoridade e chamar a atenção do funcionário na frente de clientes e demais servidores. Além disso, Raimunda Soares lista o desconto indevido. "Quando falta alguma televisão ou DVD, a loja rateia o valor e divide entre os servidores, descontando no salário de cada um. Isso é ilegal", afirma.

A presidente informa que geralmente o assédio moral ocorre por causa da própria empresa, que estimula a competição entre os funcionários. Ela diz que existem pessoas ocupando cargos de chefia que não sabem lidar com a situação e acabam cometendo o crime. "É comum se chamar à atenção na frente dos outros, penalizar com suspensão e advertência... Tudo isso prejudica a saúde psicológica do trabalhador, provocando estresse, depressão e problemas cardíacos. As conseqüências são graves", diz a sindicalista.
FONTE: DN