Apesar de o Brasil ser o maior país católico do mundo em número de fiéis, nunca houve um papa brasileiro. A ausência de um pontífice nascido em solo brasileiro intriga fiéis, estudiosos e religiosos. Afinal, com uma população que ultrapassa os 120 milhões de católicos, por que o Brasil ainda não foi representado no mais alto posto da Igreja Católica?
A força do catolicismo no Brasil
O Brasil ocupa um lugar de destaque no cenário católico mundial. Desde a colonização portuguesa, a religião se enraizou na cultura, na política e na sociedade brasileira. Ainda hoje, mesmo com o avanço de outras denominações religiosas, o catolicismo segue como a fé predominante. O país é, inclusive, sede de grandes eventos religiosos, como as edições da Jornada Mundial da Juventude e as tradicionais romarias a Aparecida (SP), o maior santuário mariano do mundo.
O conservadorismo do conclave
A escolha de um papa é feita em um processo altamente restrito, o conclave, formado pelos cardeais com menos de 80 anos. Historicamente, o papado foi ocupado por italianos — com poucas exceções, como o polonês João Paulo II e o argentino Francisco, o primeiro latino-americano no cargo. Isso reflete a centralização da cúria romana, que tradicionalmente privilegia nomes europeus, especialmente italianos, com longa trajetória nos bastidores da Santa Sé.
Desafios internos e externos
Um dos fatores que pesam contra a eleição de um papa brasileiro é a pouca influência política do episcopado nacional dentro da estrutura do Vaticano. Embora o Brasil tenha cardeais respeitados, como Dom Sérgio da Rocha, Dom Odilo Scherer e, anteriormente, Dom Cláudio Hummes (grande amigo do Papa Francisco), poucos atuaram diretamente na Cúria Romana, onde são tomadas as principais decisões administrativas da Igreja.
Além disso, o Brasil também enfrenta desafios internos no seio da Igreja. A secularização, a concorrência de outras religiões e os escândalos envolvendo líderes religiosos minam a imagem de uma Igreja coesa e fortalecida, o que pode enfraquecer a candidatura de um brasileiro em um futuro conclave.
A chegada do Papa Francisco e a abertura à América Latina
A eleição de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, em 2013, representou uma abertura histórica da Igreja à América Latina. Argentino, Francisco foi escolhido num momento em que o Vaticano buscava aproximação com os fiéis do chamado "Sul Global" — onde está a maioria dos católicos. Sua escolha também evidenciou que a Igreja estava aberta a lideranças de fora da Europa, reacendendo a esperança de que, um dia, o Brasil possa ver um de seus filhos no trono de São Pedro.
Futuro incerto, mas possível
Embora ainda não tenhamos tido um papa brasileiro, isso não significa que o cenário esteja fechado. O crescimento da Igreja Católica nas periferias do mundo e o pontificado de Francisco, que valorizou a diversidade e o diálogo intercontinental, abrem precedentes. Um futuro papa brasileiro dependerá, porém, da construção de uma liderança sólida, com voz ativa na Cúria e com respaldo internacional.
Papáveis
Existem alguns nomes que podem ser observados ao papado. Da América Latina, o brasileiro Odilo Pedro Scherer, o hondurenho Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, o mexicano Francisco Robles Ortega, e o argentino Leonardo Sandri. Ou seja, no Brasil apenas um é sinalizado pela imprensa nacional como possível nomes para a eleição.
Conclusão
O Brasil ainda não teve um papa, mas seu papel no catolicismo global é inegável. A ausência de um pontífice brasileiro reflete mais questões estruturais e históricas da Igreja do que falta de relevância espiritual. Com o tempo, e se o país fortalecer sua presença e influência no Vaticano, a possibilidade pode deixar de ser sonho e tornar-se realidade.Imagem: Ilustrativa
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