Ilustração do Mosquito Aedes Aegypti

O Brasil registrou, entre 21 e 27 de julho de 2024, mais casos prováveis de dengue do que a soma de 21 países das Américas, de acordo com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). Durante esse período, o país contabilizou 29.423 novos casos de dengue, superando os 27.171 novos casos registrados coletivamente por esses países.

Os países afetados, cujos números somados ficaram abaixo do Brasil, incluem:

- Honduras: 8.450

- Colômbia: 7.369

- Guatemala: 4.733

- Nicarágua: 1.941

- Panamá: 1.571

- Costa Rica: 977

- Peru: 745

- Paraguai: 454

- El Salvador: 270

- Bolívia: 194

- Trinidad e Tobago: 102

- Guiana Francesa: 94

- Guiana: 68

- Guadalupe: 50

- Estados Unidos: 50

- República Dominicana: 41

- Granada: 24

- Martinica: 24

- Ilhas Virgens: 10

- Barbados: 2

- São Bartolomeu: 2

Além disso, o Brasil também registrou mais casos do que a soma da Argentina (15.252) e México (12.121), completando o top 3 dos países com mais casos prováveis na semana.

No total, foram registrados 83.967 novos casos prováveis de dengue em 24 países das Américas durante essa semana. Na semana anterior, de 14 a 20 de julho, a Opas contabilizou 70.874 novas ocorrências em 23 países, mostrando um aumento significativo nas infecções.

Dengue em 2024 no Brasil

A dengue, causada pelo vírus transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, é uma preocupação crescente no Brasil. Em 2024, o país enfrenta o pior surto de dengue de sua história. De janeiro a 14 de agosto, foram registrados 6,4 milhões de casos suspeitos, superando o total de casos registrados entre 2019 e 2023, que foi de 6,1 milhões.

Até o momento, 5.085 mortes foram registradas, com uma média de 22 óbitos diários. Mulheres entre 20 e 29 anos são as mais afetadas, totalizando 636 mil casos prováveis. As regiões com maiores incidências incluem o Distrito Federal, Minas Gerais e Paraná.

Fatores Contribuintes para a Dengue

Especialistas apontam que fatores climáticos e a diminuição de medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti contribuíram para o aumento dos casos de dengue no país. O infectologista Willian Mattiello destaca que o crescimento populacional e a urbanização desordenada, aliados a condições de saneamento inadequadas, criam ambientes propícios para a proliferação do mosquito.

A infectologista Joana D’Arc ressalta que a dengue apresenta comportamento sazonal, com aumento dos casos em determinadas épocas do ano. No entanto, essa sazonalidade tem sofrido alterações, com um adiantamento de dois a três meses, dependendo da localidade. Além disso, a cepa do vírus atualmente em circulação no Brasil é considerada "mais agressiva", com maior capacidade de replicação e produção de casos graves.

A dengue faz parte do grupo de doenças tropicais negligenciadas, como hanseníase, leishmaniose e doença de Chagas, que são mais comuns em áreas de vulnerabilidade social, onde o acesso a água potável, saneamento e cuidados de saúde é limitado.

Vacina Contra a Dengue no Brasil

Desde fevereiro de 2024, o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece a vacina contra a dengue, incorporada ao calendário nacional pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2023. A vacina é administrada em duas doses, com um intervalo de três meses.

Em 2024, o Brasil adquiriu todo o estoque mundial de vacinas contra a dengue, somando 5,2 milhões de doses, além de 1,3 milhão de doses doadas pelo fabricante. Para 2025, o governo planeja disponibilizar 9,5 milhões de doses.

Recentemente, o Instituto Butantan anunciou que a vacina desenvolvida em parceria com o NIH (Instituto Nacional de Saúde) dos Estados Unidos apresentou 89% de proteção contra casos graves de dengue e 67,3% de eficácia geral contra a dengue sintomática. Com o avanço no desenvolvimento dessa vacina, espera-se que a oferta de imunizantes seja ampliada para a população brasileira.

Conclusão

O cenário da dengue no Brasil em 2024 é alarmante, com o país liderando os casos na América Latina e enfrentando desafios significativos para controlar a disseminação da doença. A introdução da vacina representa uma esperança, mas é essencial continuar investindo em medidas preventivas e em uma infraestrutura de saúde robusta para enfrentar esse desafio de saúde pública.