Imagem: Francielly Medeiros e Montagem Redes Sociais

O indivíduo que havia sido preso na última quarta-feira (9) depois que a polícia encontrou os restos mortais de uma criança de um ano enterrada em uma chácara em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal, foi liberado durante uma audiência de custódia ocorrida na tarde de quinta-feira (10).

O suspeito, que acredita-se ser o pai da criança encontrada enterrada, foi interrogado na Central de Flagrantes da Comarca de Natal. Após a audiência, ele obteve a liberdade provisória.

A decisão de soltura foi tomada após o tribunal analisar as avaliações do Ministério Público e da Defensoria Pública do Estado. Para o juiz, não foram evidenciadas provas de flagrante de ocultação de cadáver. O indivíduo enfrentará o processo em liberdade.

O episódio Os restos mortais de uma criança de aproximadamente um ano foram localizados enterrados na manhã da quarta-feira (9) em uma propriedade rural na cidade de Nísia Floresta, na Grande Natal. De acordo com a Polícia Civil, o pai da criança, principal suspeito do crime, foi detido no local.

A investigação começou na segunda-feira (7), quando o dono da chácara denunciou um possível caso de ocultação de cadáver no terreno, que estava alugado desde 2020 para uma família composta por um homem, uma mulher e três crianças. Eles foram despejados após uma decisão judicial.

No relato, o proprietário mencionou que a mulher estava grávida, deu à luz a criança e, depois de algum tempo, o bebê não foi mais visto. O casal já havia sido denunciado ao Conselho Tutelar local por maus-tratos aos filhos.

"Observamos comportamentos estranhos, notamos que a criança parecia estar doente, mas nos meses seguintes ela desapareceu. Perguntei a um dos filhos do casal, e ele disse que o corpo já havia sido enterrado", declarou Jorge de Oliveira, um dos vizinhos da propriedade.

Além disso, os vizinhos relataram também atitudes suspeitas por parte do casal, como a adesão a uma crença que restringia certos alimentos, o que teria levado à desnutrição das crianças.

A busca Na manhã de quarta-feira, equipes da polícia civil e bombeiros militares foram ao local para coletar evidências após a denúncia. Com auxílio de cães farejadores do Corpo de Bombeiros, foram realizadas buscas na casa e em áreas adjacentes, em um terreno de cerca de 13 hectares.

Em uma trilha da propriedade, foram encontrados um carrinho de mão virado, que escondia os restos mortais de um cachorro e uma faca. A partir dessa descoberta, uma escavação foi iniciada, resultando na localização de ossos pequenos e parte de um crânio infantil.

"O pai da criança foi detido no local. Mesmo após a ordem de despejo, ele permanecia vivendo na casa. Além da ocultação de cadáver, ele também enfrentará acusações por invasão de propriedade", afirmou o delegado José Medeiros, responsável pela investigação.

Após o achado dos restos mortais, o suspeito alegou não ter informações sobre a criança enterrada e afirmou que sua companheira e os outros três filhos haviam viajado para a Bélgica, país de origem da mulher.

Segundo Elaine Cunha, perita médica legista do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep), a análise inicial da arcada dentária indicou que os restos pertencem a uma criança com cerca de um ano de idade, mas informações mais precisas serão obtidas por meio de uma perícia mais detalhada.

"Conseguimos recuperar todos os ossos que estavam em uma cova com cerca de 67 centímetros de profundidade. Somente os exames poderão confirmar o sexo e a idade da criança que estava enterrada", enfatizou Elaine.

No local, a polícia também encontrou uma quantidade de maconha e materiais que pareciam fazer parte de um laboratório improvisado para produção de drogas.