As manifestações antidemocráticas que fecham rodovias e avenidas pelo país desde a noite do domingo (30) estão recebendo apoio de um grupo minoritário da extrema direita evangélica.
A informação consta no relatório de monitoramento divulgado hoje pela Casa Galileia, uma organização que reúne pesquisadores e promove iniciativas plurais para públicos cristãos católicos e evangélicos.
O documento analisa os perfis das redes sociais de líderes e páginas com foco no público evangélico.
O levantamento cita que as cabeças da rede de extrema direita evangélica aceitaram o resultado das urnas e publicaram mensagens de conforto espiritual para os fiéis e orações para Lula, mas aponta a existência de uma ala que não só aderiu aos atos como pede intervenção em uma declaração de "guerra".
Segundo o relatório, produtores de alguns dos canais mais visitados do YouTube e do Instagram têm alimentado o público com postagens das aglomerações pelo país e, em alguns casos, até participam de atos.
Entre os argumentos usados, o principal é justamente aquele que mais se ouve entre os radicais: a de que a eleição foi fraudada e o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o vencedor do segundo turno da eleição presidencial contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Um exemplo é o líder Robson Calabianqui (Fuinhar), que tem 1 milhão de seguidores no Instagram.
Ele participou de manifestação e defendeu o silêncio de Bolsonaro como um sinal para que mantivesse o engajamento.
Após a fala do presidente nesta tarde, ele fez nova postagem de apoio, entendendo a fala como de incentivo aos atos.
A pastora Valdirene Moreira, com 314 mil inscritos em seu canal do YouTube, também está nas ruas.
Ela divulga vídeos chamando evangélicos a engrossar o movimento. "A pastora afirma que recebeu um link que comprova que Bolsonaro venceu as eleições no primeiro turno e que as urnas foram fraudadas.
Também menciona o artigo 142, por isso os cristãos devem ser corajosos e cumprir sua missão patriota de defender a nação", cita o relatório. Outras páginas ultrapassam a centena de milhares de seguidores, como "Assembleianos de Valor". "
A página está cobrindo as manifestações e inflamando seus seguidores a apoiarem as ações: 'Começou a guerra'.
Apesar de os cabeças da rede não aderirem a essas movimentações, vale destacar os discursos de apoio e manter o acompanhamento da repercussão", aponta o documento.
Nas postagens da página, que tem 643 mil seguidores, é possível ver argumentos como o pedido para recontagem de votos.
Outros líderes evangélicos, diz o relatório, como os canais de Carlos Heinar e Dionísio Souza, também publicaram vídeos induzindo que houve fraude no processo eleitoral e que "ainda não acabou".
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