A Polícia Federal anunciou nesta quarta-feira o indiciamento do filho da governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB), e outras 12 pessoas suspeitas de integrarem uma suposta quadrilha envolvida em fraudes em licitações, desvio de verbas públicas e corrupção.

Eles foram presos no último dia 13 de junho durante a Operação Hígia. Na ocasião, foram cumpridos 39 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Norte e na Paraíba.

Um dos quatro filhos da governadora, o advogado Lauro Maia, 42, preso na operação, foi até 9 de junho assessor parlamentar do deputado federal Rogério Marinho (PSB-RN).

Além dele, foram indiciados o então secretário-adjunto de Esportes do RN, João Henrique Lins Bahia Neto, e Rosa Maria Câmara, ex-procuradora do Estado, que foram presos à época, e outros seis servidores estaduais suspeitos de corrupção e tráfico de influência em contratações emergenciais.

Amigo da governadora, Bahia Neto trabalhou no gabinete de Wilma até o final de seu primeiro mandato (2003-2006). Já a procuradora é suspeita de ter recebido propina para apresentar pareceres favoráveis às firmas ligadas às fraudes. Outros presos são ligados às empresas do suposto esquema.

A PF informou ainda que outros 19 inquéritos foram instaurados para apurar supostas irregularidades apuradas a partir da operação. O caso corre sob sigilo na Justiça Federal.

De acordo com o primeiro inquérito, "as condutas criminosas trouxeram sérios prejuízos à administração pública".

As investigações se concentraram em contratos --irregulares, segundo a PF-- firmados com a Secretaria Estadual da Saúde. A PF avalia que os desvios de dinheiro público tenham alcançado R$ 36 milhões em cerca de três anos.

Nos contratos analisados na primeira parte da investigação, foram apontados prejuízos de quase R$ 10 milhões em acordos para fornecimento de mão-de-obra para os programas Samu Metropolitano e Farmácia Popular e em acordos para higienização hospitalar.

Segundo a PF, ao menos quatro empresas se associavam para combinar preços e condições das propostas apresentadas à Secretaria da Saúde. As empresas se revezavam para vencer as licitações e rateavam o valor a ser pago. A divisão do dinheiro era mensal, segundo a PF.

A ação foi um desdobramento da Operação União, de 2005, que investigou irregularidades em licitações em órgãos federais no Estado.

Em junho, a Folha revelou que as empresas investigadas na operação também mantêm ou mantiveram contratos suspeitos com a Prefeitura de Natal e de municípios da Paraíba.

Procurado, o secretário de Comunicação do RN, Rubens Lemos, afirmou hoje que os suspeitos já foram exonerados e que terão chance de se defender na Justiça.

Ele disse que a governadora estava em viagem e não poderia comentar o indiciamento do filho e dos ex-servidores. O advogado de Lauro Maia, Erick Pereira, não atendeu o celular hoje à noite.

fonte: folha on line