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Alex Viana

Repórter de Política

Nas últimas quatro décadas, o Rio Grande do Norte elegeu governantes oriundos da família Alves, família Maia, ou apoiados pelas duas famílias, como a atual governadora, Rosalba Ciarlini (DEM). A experiência mostrou que o resultado foi um estado atrasado, com educação sucateada, saúde de país subdesenvolvido e segurança que mais se assemelha a uma guerra civil. Na visão do deputado estadual José Dias (PSD), “somos um segundo Maranhão”, um dos estados mais atrasados do país. “Em 40 anos, após Aluizio Alves, Monsenhor Walfredo Gurgel e Cortez Pereira, isto é, de Dr. Tarcísio Maia para cá, todos os governadores do RN ou foram eleitos pelos Alves, pelos Maias, ou pelos dois juntos, que foi o caso de Rosalba. Isso foi a grande solução do RN?”, questiona o deputado José Dias, ao propor uma quebra de paradigma nas eleições deste ano, o que, segundo ele, ocorrerá com a eleição de Robinson Faria (PSD) governador do Rio Grande do Norte.

Deputado Estadual José Dias faz uma exceção ao período de Garibaldi Filho na avaliação negativa dos últimos 40 anos. Foto: Divulgação
Deputado Estadual José Dias faz uma exceção ao período de Garibaldi Filho na avaliação negativa dos últimos 40 anos. 
“Nós somos um segundo Maranhão. E olhe que o estado do Maranhão é um dos estados mais pobres e miseráveis do Brasil. Mas nós aqui no Rio Grande do Norte só não temos o problema da água, que o Maranhão tem. De resto, temos privilégios naturais, temos petróleo, temos energia eólica e solar, temos solo, temos sal, temos minério em uma variedade muito grande. Ou seja, temos na realidade tudo para não morrer de fome, diante do descalabro que resultou esse período”, completou, ao se referir ao período da hegemonia Alves e Maia no Estado.

De todo o período analisado pelo parlamentar, que está no sexto mandato de deputado estadual e é casado com a irmã do ex-ministro e ex-governador Aluizio Alves, grande liderança do PMDB potiguar, apenas o governo de Garibaldi Filho merece exceção. “Não porque fui correligionário, mas Garibaldi teve um privilegio de viver uma época de privatização de FHC. Privatizou a Cosern, e hoje temos energia, temos água, adutoras. Portanto, no governo de Garibaldi houve esse pulo, em função da visão de privatizar a Cosern naquela época. Mas o povo vai saber, vai continuar desse jeito?”, questiona, destacando, agora, Alves e Maias estão se unindo, e querem que toda a tribo – isto é – os demais partidos e grupos políticos menores do estado acompanhem essa união. “Agora é pior porque querem unir Alves e Maias e todas as outras tribos. Não vai ficar mais ninguém”, destacou.

No período abrangido pela análise de José Dias, os governadores foram Tarcísio Maia, Lavoisier Maia Sobrinho, José Agripino Maia, Radir Pereira de Araújo, Geraldo Melo, José Agripino Maia, Vivaldo Costa, Garibaldi Filho, Garibaldi novamente, Fernando Freire, Wilma de Faria, Wilma de novo, Iberê Paiva Ferreira de Souza e Rosalba Ciarlini. Segundo o parlamentar, com exceções como o governo do ministro Garibaldi Filho, os demais contribuíram para o descalabro que se encontra hoje o Rio Grande do Norte.

“Só não temos candidato único pela coragem de Robinson Faria e da independência do PT”

Para o deputado estadual José Dias, o Rio Grande do Norte só não assistirá a eleição deste ano tendo candidato único devido à coragem do presidente do PSD, vice-governador Robinson Faria, que vem resistindo “ao canto da sereia” para não desistir de ofertar ao estado uma alternativa de poder. José Dias também ressalta o gesto do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Norte, que deverá lançar a deputada federal Fátima Bezerra ao Senado, ao lado de Robinson.

“Você tem que reconhecer que nós só não temos candidato único pelo gesto de coragem de Robinson e do PT. Porque a chapa, se não for casada entre PSD e PT, perde substância. Mas é o gesto de Robinson que vem resistindo mais que Ulisses ao canto da sereia. Ele conseguiu resistir esse tempo todo ao canto da sereia, e o PT está tomando posição de independência, até porque foi agredido e excluído. Mas sem a posição do PT, o nosso gesto, do PSD e de Robinson, não tinha as consequências que tem. Porque nós vamos para uma disputa sem máquina, mas confiando no povo”, declarou o parlamentar.

Instado a falar sobre as especulações de que Robinson poderia desistir da disputa, em função do poderio político e econômico do palanque adversário, José Dias disse que essa é “a parte mais suja do jogo”, quando “plantam notas para tentar confundir a opinião pública”. Para José Dias, “se Robinson já resistiu até aqui, porque vai capitular agora?”, indaga, observando que o grupo “nunca alimentou a ilusão de montar frente ampla”. “Sempre tivemos a certeza que seria uma frente de resistência. Essa está montada. E acredito que não ficará somente no PSD e no PT. Não tenho a menor dúvida que outros partidos, que não são os dominantes, se associarão a nós. Esse quadro nós já antevíamos”, afirmou.

Quanto ao prefeito Carlos Eduardo Alves, presidente do PDT no estado, que ontem sinalizou apoio ao candidato do PMDB e a vice-prefeita Wilma de Faria, José Dias afirmou que caberá ao prefeito julgar. “Acho que o prefeito, ele que vai julgar as pessoas. Nós na eleição dele não o julgamos desfavorável e votamos nele, e confesso a você que não estou arrependido. Votei sem nenhum condicionamento. Meu interesse era numa boa gestão. Agora, chegou a hora de ele fazer o julgamento em relação ao nosso candidato do PSD. Nós fazemos apelo, não julgamento”, declarou, concluindo: “Davi uma vez venceu Golias. Será que a história não vai se repetir um dia?”.

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