São duas as causas de uma grande preocupação que desde esta quarta-feira, 21, ontem, arrasa pessoas que se consideram inimputáveis no Tribunal de Justiça. À certeza de que a serventuária Carla Ubarana havia fechado acordo de delação premiada com o ministério público, de onde partiram informações dizendo que "gente grossa" vai entrar no rol dos acusados, outros desembargadores se impactaram ao saber e uma súbita viagem feita pela presidente da corte, sua colega Judite Monte.

Muito discretamente, ela foi ontem para Brasília, a fim de expor à ministra Eliana Calmon, corregedora geral do Conselho Nacional de Justiça, o que passou a lhe constar do que se apurou sobre o roubo de milhões de reais da conta dos precatórios de seu tribunal.

Para piorar o nervosismo, Judite fez questão de se fazer acompanhar pelo procurador geral de Justiça, professor Manoel Onofre Neto, que, sabe-se agora, teria sido quem vetorizou o processo estuarizado no acordo que transformou em prisão domiciliar a blindagem que durante todo este tempo impediu Carla de abrir o jogo com os promotores públicos.

Desembargadores que na eclosão do escândalo haviam recriminado a Presidente porque submeteu o assunto à apreciação do ministério público estadual e ao Tribunal de Contas do Estado não a perdoam agora por ter deixado que o assunto, antes passível de julgamento somente pela justiça potiguar, agora poder se transformar em prato para a Corregedoria do CNJ e processo para as cortes superiores, em Brasília. Isto fatalmente aconteceria caso o depoimento de Carla Ubarana ao ministério público implicasse em acusação a desembargador - no plural ou no singular.
Por Roberto Guedes - Nominuto