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Antes de tratarmos do tema em questão – indicadores da qualidade de vida – faz-se de fundamental importância que entendamos o que é a qualidade de vida propriamente dita e o que ela representa para nossas vidas.

Vivemos num país onde boa qualidade de vida é algo incomum, sendo limitada a poucos brasileiros, tendo em vista as grandes desigualdades sociais e econômicas, fruto de inúmeras gestões públicas fracassadas, sistemas políticos falidos e que têm como objetivo principal a promoção pessoal e nepotista, deixando de lado os anseios da coletividade por moradia, segurança, saúde e renda. Estas ações mesquinhas terminam por privar o acesso das populações a dignidade.

Qualidade de vida segundo definições do Wikipédia (Enciclopédia livre) “é o método usado para medir as condições da vida de um ser humano”. E envolve desde os bens físicos, psicológicos e emocionais do ser. Esta qualidade de vida também está interligada aos relacionamentos pessoais e sociais, quer sejam com a família e com os amigos.

Qualidade de vida é diferente de padrão de vida. O padrão diz respeito às condições financeiras de cada indivíduo, medindo os bens destes seres e sua capacidade de consumo. Enquanto a qualidade mede a forma de vida dos seres humanos e outros fatores essenciais à vida.

Para se medir a qualidade de vida de uma população são utilizados alguns indicadores básicos que atestam como vivem os cidadãos de uma determinada região do país.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD Brasil, são indicadores da qualidade de vida: Características do município, Saúde, Educação, Renda, Moradia e População

Destacamos neste estudo a educação, a renda e a saúde, três indicadores da qualidade de vida da população, que afetam os demais de forma direta ou indireta, e estão interligados no mundo atual em que para se ter uma fonte renda digna, é necessária uma educação básica mínima.

Esta educação mínima é responsável por lhe inserir no mercado de trabalho, dando ao cidadão condições de prover o sustento do lar e garantir a saúde e qualidade de vida de sua família.

A ausência de educação e renda, e responsável por proporcionar grandes carências alimentares e de habitação entre os brasileiros. A educação que assegurada pela Constituição Federal, mas não é disponibilizada aos brasileiros de forma satisfatória, limitando-se a poucas salas de aulas, muitas vezes sucateadas e com profissionais mal remunerados que não desempenham suas funções adequadamente.

A taxa de alfabetização é um Indicador componente do IDH-Educação. É o percentual das pessoas acima de 15 anos de idade que são alfabetizados, ou seja, que sabem ler e escrever pelo menos um bilhete simples.

Em 2009 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou dados que indicando que 9,7% da população brasileira era considerada analfabeta, o que representa um grupo com mais de 18,6 milhões de habitantes. O mesmo estudo aponta ainda a existência de 20,3% dos chamados analfabetos funcionais, que segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - PNAD, é aquele cidadão que tem até três anos de estudo, representando um montante de 38,9 milhões de habitantes.

Somando-se os números do analfabetismo do IBGE, temos 57,5 milhões de analfabetos no Brasil, o que representa 30% da população.

Estes números são o retrato vergonhoso e degradante de uma nação formada por pessoas que sequer tem entendimento de que existem direitos e deveres. Pessoas que jamais vão ter acesso a Constituição Federal ou a outro diploma legal que lhe assegure direitos, que lhes dê um sentido moral e ético de vida digna.

A falta de qualidade na educação é determinante para o crescimento do número de desempregado num país ou região. Os analfabetos e as pessoas com pouco estudo encontram grande resistência para ingressar no mercado de trabalho, dominado por trabalhadores com níveis de estudos superior.

Segundo José Pastore, pesquisador da Universidade de São Paulo – USP, existem três fatores essenciais para geração de emprego num país. São eles: “crescimento econômico, boa educação e legislação realista”. Para Pastore “o Brasil está mal em todos eles”.

A política de inclusão ao mercado de trabalho no Brasil e deficitária, graças a falta de investimentos em setores que poderiam gerar milhares de empregos. “Tome-se, por exemplo, o caso da infraestrutura. Em qualquer área, a carência é imensa. Focalizemos os transportes. Apesar de seu tamanho continental, o Brasil tem apenas cerca de 150 mil quilômetros de rodovias pavimentadas”. Diz José Pastore.

Milhares de postos de trabalho poderiam ser gerados, se os governos federal, estadual e municipal se engajassem numa luta por melhorias na infraestrutura básica das cidades. Investindo em obras de drenagem, esgotamento sanitário e pavimentação de vias. Tais iniciativas poderiam melhorar o desempenho do Brasil no que diz respeito a renda, outro importante indicador da qualidade de vida.

Gerando renda e melhorando a saúde da população. Uma iniciativa perfeita para garantir condições de vida digna aos brasileiros que sofrem por causa de doenças que já deveriam ter sido erradicadas há anos do Brasil.

O indicador saúde nos remete a problemas sérios e que corroem a dignidade humana. O Brasil é um país “rico” e mesmo assim seu povo enfrenta inúmeras dificuldades relacionadas ao Sistema Único de Saúde – SUS, um sistema falido que há vários anos só trás agonia e desespero para população.

Mesmo com tantos impostos, o governo brasileiro não investe os recursos necessários para que todo cidadão possa ter acesso ao sistema de saúde de qualidade, com profissionais que prestem um bom atendimento e que estejam também comprometidos com a qualidade de vida da população.

É comum ver usuários do SUS se queixando das imensas filas para conseguir fichas, muitos acordam nas primeiras horas da madrugada em busca de atendimento médico. Os casos de urgência são atendimentos conforme a paciência do usuário e a disponibilidade dos médicos de plantão.

Por todo o Brasil os hospitais de urgência e emergência estão lotados, com pacientes espalhados pelos corredores, deitados e agonizando em macas imundas como se fossem lixo e esperando serem selecionados para atendimento, num processo desumano e desleal.

Os que buscam agendamento marcam suas consultas para três, quatro, cinco ou até seis meses depois. Se a necessidade for um cirurgia, a espera pode passar de um ano.

A saúde no Brasil é tão somente um sistema que não garante qualidade de vida. Representa tão somente mais um transtorno para vida deste povo que tanto sofre com o descaso e a falta de atitude do poder público e de muitos políticos, que não se acanham em usurpar os poucos e já escassos recursos destinados à manutenção da saúde pública no Brasil.
*Heverthon Jeronimo da Rocha é graduado em Tecnologia em Gestão Ambiental, especialista em Direito Ambiental, pós-graduando em Educação Ambiental (Senac-PB) e graduando em Comunicação Social (UFRN).