O correio da tarde publicou hoje uma reportagem sobre um possível acordo entre as principais lideranças políticas do RN, sobre as eleições de 2010. Veja na íntegra:


Enquanto no Encontro Regional do PMDB, ocorrido ontem, o senador Garibaldi Alves Filho diz que não tem pretensão de disputar o Governo do Estado, mas não descarta a possibilidade do partido ter candidato próprio, nos bastidores a conversa tem sido bem diferente. O presidente estadual do PMDB, deputado Henrique Alves, tem se reunido com prefeito e lideranças do interior do Estado anunciando que o senador Garibaldi Filho será o candidato ao Governo do Estado.

A reportagem do CORREIO DA TARDE teve acesso ao conteúdo de uma conversa recente entre Henrique e um prefeito da região Oeste. Num momento mais reservado do diálogo, Henrique confidenciou que o acordo que está sendo gestado prevê a candidatura de Garibaldi Filho ao Governo. "Posso lhe assegurar que o candidato não será nenhum destes que estão ai, o nosso candidato ao Governo será Garibaldi", disse Henrique ao seu interlocutor, segundo a fonte consultada pela reportagem.

Durante a conversa, ocorrida há poucos dias, Henrique tentou vencer a incredulidade do interlocutor, dando detalhes sobre o entendimento que está sendo feito. Segundo o líder do PMDB, o acordo só será anunciado no ano que vem, quando as lideranças envolvidas começarão a desencadear os fatos que culminarão com o anúncio do nome de Garibaldi como candidato ao Governo.

Já existem várias pistas no ar com indícios de que teremos uma reviravolta no processo. Numa entrevista concedida no final de semana à imprensa, o deputado federal Betinho Rosado (DEM) não descartou a possibilidade de um grande acordo entre as principais lideranças do Estado. Ele vê esse acordo como sendo algo provável e chega a afirmar que este seria o grande empecilho para uma futura candidatura da senadora Rosalba Ciarlini (DEM) ao Governo em 2010.

No próprio encontro regional do PMDB, realizado ontem, Garibaldi Filho não descartou a possibilidade de candidatura própria do PMDB, alegando que seria possível se surgisse um nome com viabilidade. Mesmo com a negativa de Garibaldi, pela enésima vez, de que pretenda disputar o Governo, não há como se descartar que esteja havendo a busca de um entendimento geral. Seria uma alternativa que resolveria a vida das três principais lideranças políticas do Estado.

Garibaldi Filho, Wilma de Faria e José Agripino estão se colocando como pré-candidatos ao Senado em 2010. Como serão apenas duas vagas em disputa, um deles vai ficar de fora e terá comprometido todo o seu projeto político. Para a governadora Wilma de Faria a chegada ao Senado é o coroamento de sua trajetória política com duas espetaculares vitórias nos dois últimos pleitos que disputou. A derrota significará para Wilma um prejuízo enorme para o encerramento de sua carreira política.

Para Garibaldi Filho, uma segunda derrota em sequência significaria em definitivo o declínio de sua incontestável empatia com o eleitor potiguar. Restaria ao senador à tentativa de disputar a Prefeitura de Natal em 2012, considerando que enfrentaria um páreo duro, tendo como adversária a prefeita Micarla de Souza que estaria disputando a reeleição. O senador José Agripino também teria prejuízos insanáveis se perdesse a eleição para o Senado, depois de uma trajetória de 24 anos com posições de destaques, 8 anos no Governo e 16 anos no Senado. Seria a confirmação de que a liderança de Agripino estaria chegando ao final.

A eleição de 2010 vai representar para os três líderes uma aposta de tudo ou nada. Um deles irá sobrar e para este a derrocada será inevitável. Como em política, o pragmatismo fala mais alto, está sendo costurado o grande acordo, pelo qual um deles sairia para disputar o Governo e os outros dois, disputariam as vagas no Senado. As bases do acordo seriam de que todos tenham seus projetos facilitados, garantindo o sucesso eleitoral do trio.

Ao informar aos prefeitos com quem tem conversado de que o senador Garibaldi Filho será candidato ao Governo no ano que vem, Henrique Alves está pondo em prática as bases do que já foi acertado entre as lideranças. É bem verdade que seria praticamente improvável que todas as bases do acordão estejam seladas, mas, com certeza boa parte do entendimento já está delineado.

O próprio senador Garibaldi Filho deu a senha ao comentar a poucos dias, em entrevista a uma emissora de rádio da cidade de Martins, que um amplo acordo facilitaria a vida de todo mundo. Na ocasião, o senador chegou a dizer que apoiaria o nome de José Agripino para o Governo. A senha contrária a esta informação foi dada pelo próprio Agripino, em conversa telefônica com o deputado Henrique Alves, quando disse que estaria aberto para discutir as bases de um acordo geral, mas, não disputaria o Governo em hipótese alguma.

Com o impedimento legal de Wilma, que não pode disputar o terceiro mandato e com a taxativa posição de Agripino que não aceita disputar o Governo, sobrou o senador Garibaldi Filho para ser convencido. As conversas de Henrique com os prefeitos, já antecipando a candidatura de Garibaldi, é um sinal de que o senador peemedebista deu sinal verde para o avanço das conversas.

As alegativas de Garibaldi de que não aceita disputar o Governo não devem ser lidas ao pé da letra, considerando que em 2005, no ano que antecedeu a eleição estadual de 2006, ele passou o ano inteiro alegando que não pretendia disputar o Governo e disputou. Talvez fosse essa mesma a intenção do senador, mas, as circunstâncias políticas o levaram a mudar de idéia. Garibaldi está sendo convencido com Henrique que esta alternativa será a melhor para todos.

Dentro do entendimento geral caberia a governadora Wilma de Faria segurar os seus três pré-candidatos ao Governo. A crença entre os articuladores do acordão é que tanto Iberê Ferreira, como Robinson Faria e João Maia entenderão que um projeto maior foi concebido e enfrentá-lo seria mera aventura. Caberá ao senador José Agripino segurar Rosalba Ciarlini, com a alegativa de que ela é a única que não ficará desamparada, uma vez que tem mandato até 2014 e que no futuro todos se comprometerão com sua reeleição ao Senado.