O bicheiro Aniz Abraão David, o Anísio da Beija-Flor, e outras 15 pessoas foram presas nesta quarta-feira na operação 1357, da PF (Polícia Federal) do Rio. Entre eles, está um agente da própria corporação. O grupo, segundo a PF, participava de um esquema de lavagem de dinheiro do jogo do bicho em Natal. Anísio é apontado como o chefe do esquema, junto com o policial federal Luciano Delgado Botelho.

O bicheiro, presidente de honra da Beija-Flor de Nilópolis, já havia sido preso durante a Operação Hurricane (furacão), que também desmantelou uma quadrilha envolvida com caça-níqueis. Botelho era o "mentor intelectual" do grupo e o responsável por transportar parte da renda do jogo do bicho controlado por Anísio para Natal, disse o superintendente da PF no Rio, Valdinho Jacinto Caetano. Lá, segundo Caetano, o policial federal trocava o dinheiro com uma doleira, que que também foi presa.

O agente da PF havia conquistado a confiança de Anísio e, por isso, também detinha pontos de exploração de caça-níqueis no Rio, de acordo com Caetano. A PF afirmou que ele fazia o transporte dos lucros há pelo menos um ano, mas não soube dizer o montante do dinheiro lavado. "Nós o consideramos sócio de Anísio. Ele subiu na hierarquia do bando, tanto que já era detentor de pontos de caça-níquel", declarou o superintendente.

A operação teve origem na PF de Natal, que, em uma investigação sobre o tráfico de drogas na cidade, descobriu a presença constante do policial federal Luciano Botelho. "Se detectou a presença desse agente lá, então começamos a investigar no Rio e descobrimos que o motivo da presença dele lá era o transporte de dinheiro cuja origem era a exploração de caça-níqueis do Anísio."

Botelho era funcionário da Delegacia de Ordem Social e Política da PF no Rio, responsável, entre outras funções, pela segurança de autoridades. Ele e os outros presos estão na carceragem da PF no Rio, na praça Mauá (centro). Além de Anísio e Botelho, foram presos preventivamente, em Natal, Francisco Javier Rico, José Ivo de Freitas, e, no Rio, a doleira Marlene Bastos Chueke e Maurício Rodrigues Jannotti. Como os pedidos de prisão foram expedidos pela Justiça de Natal, Anísio, Chueke e Jannotti serão enviados para a cidade ainda nesta quarta-feira, segundo a PF.

A PF também cumpriu no Rio nove mandados de prisão temporária, contra Valter de Suoza, Sebastião Neto, José Maurício da Silva, Nagib Suaid, Almir dos Reis, Alexandre Pereira Dias, Cleveland Moraes, Tufi Brassil Neto e uma pessoa que não teve o nome divulgado. Os agentes também cumpriram 28 mandados de busca e apreensão, mas nenhuma máquina de caça-níqueis foi recolhida, segundo o superintendente da PF.

Com informações da Folha Online